30 abril, 2008

NINHO

Este é um trecho do texto O Pai de Rubem Alves, ele compara o colo do pai com um ninho o "Braço-ninho".

"Eu queria ser um ninho para meus filhos pequenos. Queria que meu corpo fosse um ninho-penugem que os protegesse, um ninho que balança mansamente no galho de uma árvore ao ritmo de uma cançao de ninar".

A figura ao lado é de Van Gogh, Rubem Alves comenta sobre a tela, em que o pai oferece seus braços ao filho, agachado igualando seus olhares... O Helio já havia falado dos pais semeador e jardineiro, um é a complementação do outro. Penso num Pai inteiro, tendo as duas funções, não só a biológica. Como diz Rubem Alves, "É fácil demais ser pai biológico. Pai biológico não precisa ter alma. Um pai biológico se faz num momento. Mas há um pai que é um ser da eternidade: aquele cujo coração caminha por caminhos fora do seu corpo. Pulsa, secretamente, no corpo do seu filho (muito embora o filho não saiba disto)".
Eu vejo meu pai assim, ele está tão dentro de mim que as vezes esqueço e só me lembro quando estou de coração aberto, sensível. O corpo tem tantos mistérios, mistérios que se constroem durante nossa caminhada, nos caminhos abertos pelos paizinhos.
São tantos assuntos entrelaçados...

Um comentário:

H E L I O D E A Q U I N O disse...

Deste texto de Rubem Alves, fica pra mim a vontade de ser alguém bom e importante para alguém. Ser uma espécie de Pai. Digo espécie porque está longe de meus planos ser pai biológico, mas sei que tenho zelo e carinho suficiente para dedicar.

Ser Ninho que envolve, aquece, protege e aconchega, mas saber suportar a efemeridade de ser morada breve. Todo ninho é abandonado um dia. Vira memória. Este é outro ponto de destaque neste texto, a efemeridade dos momentos e as memórias.

E o Pai é memória referencial na construção de novos ninhos.

E plagiando "Pássaros libertos" de Helena Kolody:


"Filhos" são pássaros
Voaram!
Não nos pertencem mais