Dentro do processo de “Muitos Paizinhos” duas fases se destacam: Uma fase teórica de discussões de mesa e outra prática e construção de cenas. Na primeira fase, a teórica, passou-se por temas que vão desde a colonização do Paraná e o movimento Paranista até a Teoria Biocêntrica e textos de Rubem Alves. A outra fase caracterizou-se por improvisações a cerca dos temas discutidos na fase anterior e construção das personagens do espetáculo.
Quando na primeira fase se levantou as etnias de influência na colonização do Estado do Paraná, de maneira muito descontraída e interessante realizou-se uma pesquisa que desencadeou em um jogo de produção de poemas e desenhos culminando em uma atividade prática inspirada na biodança, que manifesta artisticamente e em alguns casos até como terapia, a teoria biocêntrica. Também chamada de biocentrismo, esta teoria tem como base a manifestação do sagrado nas relações biológicas que existem entre todos os seres vivos existentes entre o céu e a terra. Ainda na primeira fase de nossa pesquisa discutiram-se aspectos e elementos iconográficos do movimento Paranista, que tinha por premissa ressaltar o amor ao nosso estado através das artes. Além disso, falou-se de arte-educação, leram-se textos de Rubem Alves e livros para crianças de vários autores que trouxeram mais a tona o assunto Pai em nossas conversas, levando diretamente ao tema mote, Pai. Contudo ainda produziram-se textos a cerca das relações pessoais de cada pesquisador com seu próprio pai, o que rendeu bastante material ao segundo momento dos trabalhos.
A segunda fase aproveitou-se muito dos materiais registrados que haviam sido levantados a cerca dos temas principais que gostaríamos de levar à cena. A música da banda Karnak “O Mundo”, trouxe Improvisos coreográficos que durante todo o processo serviu de tema de fundo ao assunto pai. O tema em questão era a desordem e o caos do mundo. E para dar um jeito neste mundo bagunçado só achando o pai dele, lançando-se a pergunta: quem é o pai do mundo? Hoje esta música já não aparece na sonoplastia do espetáculo, mas sua inspiração deu o ponta pé inicial nesta fase. Devido à falta de experiência dos atores, que eram os integrantes menos experientes do grupo profissional no formato de trabalho do processo coletivo e colaborativo, a direção geral investiu na idéia da co-direção, onde três assistentes orientaram a construção de cada uma das cenas diretamente com os atores. Cada co-diretor se utilizou das técnicas e linguagens que interessava e de que dispunham para conceber junto aos atores incentivando e inspirando-os a cada uma das cenas. Alguns dos temas lançados foram os tipos de pais: o ausente, o herói, o palhaço, o pai que tem dificuldade em dizer que ama, entre outros.
Percebo que meu trabalho como co-diretor deu-se de maneira efetiva no que diz respeito à orientação a uma construção das personagens devido à experiência como arte-educador, professor de teatro e direção amadora de alunos. O mesmo posso dizer com relação às cenas construídas a partir dos temas que me couberam e aos auxílios dados aos colegas co-diretores e à direção geral. Avalio como uma experiência que abre meu horizonte de desejos e projetos futuros dentro desta Cia, além de me instrumentalizar ao trabalho no núcleo amador da mesma. Quanto ao processo geral deste espetáculo percebo que o seu sucesso se deve ao casamento perfeito entre suas duas etapas e a escolha dos temas, muito pertinentes ao hoje do mundo, de nós mesmos e de nosso público.
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