22 abril, 2008

SOBRE A REUNIÃO DE 21 DE ABRIL

Iniciamos nossa reflexão neste dia ainda sobre o tema “biocentrismo”, utilizando um pouco da idéia de Leonardo Boff, no livro “Casamento entre o Céu e a Terra”, onde fala sobre a cultura dos povos indígenas. Sobre o respeito e a liberdade desta sociedade.

Guga, querido artista e arte-educador, passou a integrar a equipe de pesquisa. Trouxe, além de livros e DVDs que abordam a relação pais e filhos, importantes questionamentos acerca destas relações na contemporaneidade.

Para esta reunião, foram pedidas, através do Hélio, algumas tarefas:

1 - Seguindo o exemplo do tópico Meu pai quando eu tinha... (do blog), escrever um texto brincando com a mesma idéia.

2 - Na mesma brincadeira de escrever, parodiar a idéia da Silvia Ortoff "pirando" com Se as coisas fossem pais.

Acima de tudo vamos nos divertir!

As tarefas foram lidas e comentadas e encontram neste tópico espaço para seu registro.

Andressa:


Se as coisas fossem pai...
Se o carro fosse pai
Seria pai dos pneuzinhos
e o step seria o seu bebêzinho...

Se o livro fosse pai
seria pai das letras
e para os seus desenhos, jamais faria caretas...

Se o computador fosse pai
seria o pai das peças
e tudo seria feito as preças...

Se o guarda roupas fosse pai
Seria o pai das roupas
Guardaria tudo com carinho
E ainda daria o seu cheirinho...

Se o pão fosse pai
Seria o pai do fermento
Uniria todos os filhos, pra ver o seu crescimento...

Se o feijão fosse pai
Seria pai das sementes
Germinaria tudo com entusiasmo
Faria caldos sorridentes...

Se o sofá fosse pai
Seria o pai das poltronas
Faria muitas cósquinhas
A quem ali derrubasse rosquinhas...

Se o apontador fosse pai
Seria o pai do lápis
Apontaria o que fazer
Dando as pontas para viver...

Se o Universo fosse pai
Seria o pai da Terra
Te daria vida própria
Ajudaria a andar na sua esfera...

Meu pai quando eu tinha

Meu pai pra mim...Quando eu estava na barriga da minha mãe: Como será que ele é?Aos 2 anos: Como papai é grande! Será que um dia vou crescer assim?

Aos 7 anos: Meu pai é meu herói!

Aos 15anos: Saco! Acho que ele nunca teve a minha idade, imagine não me deixou sair justo hoje!

Aos 18 anos: Meu pai bem que podia me apoiar mais...

Aos 21 anos: Hoje foi minha formatura, nunca vi meu pai tão feliz!

Aos 28 anos: Ai que saudade do meu pai, não consigo vê-lo, é tanta correria, o trabalho, o dia a dia...

Aos 35 anos: Ele é o melhor avô do mundo, queria eu voltar a ser criança pra ele brincar comigo...

Aos 42 anos: E agora pai, o que é que eu faço? Obrigada pai, o senhor é o máximo!

Aos 59 anos: Como seria com ele aqui...

Aos 70 anos: Nasceu seu bisneto, o senhor iria gostar de conhece-los...

Aos 80 anos: Parece que voltei a ser criança. Preciso de cuidados e sou dependente de todos. Queria que papai estivesse aqui cuidando de mim...


Val:


Meu pai quando eu tinha...

Meu pai quando eu tinha cinco anos era uma televisão passando jornal nacional.

Meu pai quando eu tinha sete anos era um velho.

Meu pai quando eu tinha dez anos era uma janta fora do horário.

Meu pai quando eu tinha doze anos era meu conselheiro nos projetos de vida.

Meu pai quando eu tinha quinze anos era meu financiador de projetos de vida.

Meu pai quando eu tinha dezoito anos era meu agente financeiro.

Meu pai quando eu tinha vinte anos era uma máquina de fazer perguntas.

Meu pai quando eu tinha vinte e dois anos era um contador de histórias.

Meu pai hoje é meu pai, minha mãe e sem pretensão, meu filho.



Se as coisas fossem pais...

Se o sapato fosse pai,
Seria pai do chulé,
Teria filhos aos pares,
Um com cada pé.

Se o tempo fosse pai,
Seria pai dos relógios,
Nunca se atrasaria.
Pra brincar com todos os filhotes,
Hora extra, faria.

Se o cacto fosse pai,
Seria pai dos espinhos,
Ensinaria-lhes que na vida
A dor faz parte dos caminhos.

Se o fogão fosse pai,
Seria pai da leiteira,
Do bule e da chaleira.
Aqueceria com suas chamas,
O amor de uma família inteira.

Se o guarda-chuva fosse pai,
Seria pai dos pingos,
Seus filhos seriam tantos,
Que uma conversa rápida bastaria,
PLIC ou PLOC
E pelo pai guarda-chuva
O filho pingo escorregaria.

Se o cabideiro fosse pai,
Seria pai dos chapéus,
Bonés, cachecóis e bolsas,
Não ligaria pra bagunça,
Acolheria sempre mais um filho,
Alegre com a casa cheia.

Se o martelo fosse pai,
Seria pai dos pregos.
“Disciplina e resistência”
Seriam seus ensinamentos.
Um caminho sempre reto,
Lições breves sobre a vida,
Nem sempre sob o mesmo teto.



Fabiana:

“O meu pai quando eu tinha”....

Quando eu tinha 2 anos o meu pai era o maior de todos.
Quando eu tinha 4 anos era meu super poderoso pai.
Quando eu tinha seis anos o meu pai era um adulto livre e divertido.
Quando eu tinha oito anos era saudade e tristeza o meu pai.
Quando eu tinha 10 anos o meu pai era um malvado.
Quando eu tinha 12 anos era um egoísta o meu pai.
Quando eu tinha 15 anos era um nada o meu pai.
Quando eu tinha 18 anos era uma nuvem passageira o meu pai.
Quando eu tinha 21 anos o meu pai era um felizardo com minha ida a Curitiba de mala e cuia.
Quando eu tinha 26 eu não tinha pai
Quando eu tinha 28 anos o meu pai era um bebê, novinho em folha
Quando eu tinha 30 anos meu pai era curioso.
Quando eu tinha 35 anos meu pai era perdão.
Hoje aos 40 anos meu pai é um cachorrinho com o rabo entre as pernas, mansinho e carente.

HELIO:

Meu pai quando eu tinha...

De 2 a 4 anos era quem chegava em casa no fim do dia trazendo muitas novidades. Adorava ouvir suas histórias.

5 anos era o amigo dos fins de semana, pra brincar, passear e ir vê-lo jogar bola no campinho com seus amigos. Meu super pai.

6 anos era quem em quem eu confiava para cuidar da minha mãe enquanto eu ia para a escola de manhã, e a tarde eu assumia este papel para que ele pudesse trabalhar, confiávamos um no outro. Muito bom lembrar disso.

De 7 a 9 anos era quem eu via somente a noite cansado assistindo televisão na sala, ou as vezes nem o via chegar e acordava com ele e minha mãe brigando por motivos que eu não sei bem quais eram. Tinha medo.

10 anos era quem passava o dia e a noite trabalhando em seu restaurante, junto com minha mãe. Eu passava mais tempo na rua brincando com amigos e muitas vezes dormindo na casa da minha avó. Era legal.

13 anos era o viajante que levava minha mãe e meu irmão para outra cidade. Eu era visitante e adorava ser independente de pai e mãe, mas morria de saudades.

15 anos era quem eu menos via de minha família, pois ele trabalhava o dia inteiro fora, e eu estudava a noite.

De 16 a 17 anos era quem eu mais via de minha família, era meu patrão. Era com que eu brigava muito, no trabalho e em casa.

De 18 a 23 anos passou a ser o pai desconfiado da vida do filho independente que falava pouco e escondia uma vida misteriosa. Era meu detetive. Era divertido.

24 anos era em que eu confiava para cuidar de minha mãe quando eu não podia, e vice e versa.

25 anos era em quem eu confiava pra cuidar de meus irmãos quando eu não podia, e vice e versa

Hoje tenho 27 anos e quase não falo mais com meu pai. Não por nada, temos vidas diferentes. Compreendemos nossas razões. Quando posso digo que o amo muito e ele sabe disso, e vice e versa.


SE AS COISAS FOSSEM PAIS

Se o martelo fosse pai seria pai dos preguinhos. Um pai brigão, mas nunca lhe faltaria carinho.

Se o vento fosse pai seria pai do balão. Muito brincalhão levaria seus filhos para passear em noites de São João.

Se o trovão fosse pai seria pai resmungão. Mas depois de brigar se mostraria pai bem chorão.

Se o rio fosse pai, muitos banhos ele daria. Banhos de rio, como de banheira ou bacia.

Se a Carroça fosse pai seria pai carga pesada. De casa para a escola carregaria toda a moçada.

Se o fogão fosse pai, seus filhos não teriam fome e nem frio.

SIMÃO:

Quando eu tinha 1 ano meu Pai era meu colo. Ele tinha 39.

Aos meus 3 anos chamei aquele homem de bigode de PAINHO.

Dois anos depois ele era meu MEDO, me assustava tirando seu bigode, e eu tirava seu sapato.

Seis anos eu tinha quando eu fingia que Painho não eram mais meu Pai. Negava-o.

Com 8 anos aprendi que aquele homem era frágil e sensível, me presenteava sempre.

O baixinho me mostrou sua força e seu poder quando eu tinha 12 anos. Comecei a vê-lo com respeito.

Com 13 anos conheci meu Pai companheiro de brincadeiras, me ensinou a atirar com espingarda. Era um homem sorridente.

Aos meus 15 anos me ensinou a ter responsabilidade. Resmungava e com razão.

Com 17 anos ganhei asas de Painho, ele me disse: vai filho, segue teu caminho.

Hoje 20 anos se passaram, me vejo nele, tenho seus vícios e sua fragilidade.

Ai ai, tenho tanta saudade!

Se as coisas fossem pais

Se Pai o prato fosse e os talheres seus filhos

comeriam toda a comida

cresceriam fortes e crescidos

o Garfo não seria magro e a Faca afiada seria.

Se o Pinheiro fosse Pai seus filhos seriam pinhões

aqueles que aquecem no frio os corações.

Se o sapato fosse Pai

a meia seria sua filha

ele aconchegaria ela

a meia inteira ficaria aquecida.

Se o lápis fosse Pai

e os rabiscos seus filhos

desenhavam com cuidado

traçando seus caminhos.

Se o trem fosse Pai

ensinava a seus filhosandar, cantarolar

sempre conforme os trilhos.

Se o guarda-chuva fosse Pai

e a sombrinha filha

a Chuva e o Sol viveriam juntos

e a semente cresceria.

Se o Sol fosse Pai

seria Pai das horas

todos dormiriam cedo

vivendo mais o aqui e agora.

Se o lençol fosse Pai

e o travesseiro seu filho

pesadelos não existiriam mais

e o seu sono mais tranquilo

e o seu sonho agora vai

mostrar a luz e a paz.

Se o Amor fosse Pai

o filho seria o carinho

o mundo viveria em Paz

e cuidaria mais e mais

do nosso Grande ninho.

Simão Cunha

6 comentários:

Andressa Christovão disse...
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Unknown disse...
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Fabiana Ferreira disse...
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Simão Cunha disse...
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Simão Cunha disse...
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Andressa Christovão disse...

Meu pai pra mim...
Quando eu estava na barriga da minha mãe: Como será que ele é?
Aos 2 anos: Como papai é grande! Será que um dia vou crescer assim?
Aos 7 anos: Meu pai é meu herói!
Aos 15anos: Saco! Acho que ele nunca teve a minha idade, imagine não me deixou sair justo hoje!
Aos 18 anos: Meu pai bem que podia me apoiar mais...
Aos 21 anos: Hoje foi minha formatura, nunca vi meu pai tão feliz!
Aos 28 anos: Ai que saudade do meu pai, não consigo vê-lo, é tanta correria, o trabalho, o dia a dia...
Aos 35 anos: Ele é o melhor avô do mundo, queria eu voltar a ser criança pra ele brincar comigo...
Aos 42 anos: E agora pai, o que é que eu faço? Obrigada pai, o senhor é o máximo!
Aos 59 anos: Como seria com ele aqui...
Aos 70 anos: Nasceu seu bisneto, o senhor iria gostar de conhece-los...
Aos 80 anos: Parece que voltei a ser criança. Preciso de cuidados e sou dependente de todos. Queria que papai estivesse aqui cuidando de mim...