09 abril, 2008

REFLEXÕES SOBRE A CULTURA BIOCÊNTRICA

Este é o título de um artigo de Cezar Wagner de Lima Góis, doutor em Psicologia pela Universidade de Barcelona Prof. de Psicologia da Universidade Federal do Ceará, disponível na página do site Pensamento Biocêntrico. Aqui o destaco para nossa reflexão porque considero importante falar mais sobre estes fundamentos, pois não há como pensar o Semeador e a semente sem discutir o que somos por Natureza: humanos frutos do meio (ambiente-social-cultural). Seguem trechos do texto, mas aconselho que seja feita uma leitura na íntegra através do link acima, contudo pretendo levar este texto para os estudos de nosso Paizinhos.

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Diante do quadro atual da ciência, da mística e dos problemas humanos e sociais, dentro do enfoque da complexidade, do cotidiano e do amor, como podemos falar da Cultura? Como ficamos nós diante do nosso dia-a-dia consigo mesmo, com os outros e com a Natureza?(...)É claro que a cultura atual leva em consideração a vida em todas as suas manifestações, mas a grande questão é o lugar que o ser humano se encontra para estar com ele mesmo e com todas as outras manifestações da vida.

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(...) Afastar-se da cultura não é possível sob pena de desaparecer; tampouco seguir pela mesma trajetória garantiria a repotencialização da nossa energia vital que, de tão bloqueada e deformada, gera doenças de civilização. O que fazer, se o caminhar antropocêntrico assinala seu esgotamento e limitação frente às novas exigências humanas, sociais e naturais?
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Participar (da vida) é fazer do seu gesto um ato permanente de educar, que liberta da fusão as sementes que pulsam e anseiam naturalmente germinar. Somos sementes como as sementes, conectadas por uma rede de relações vitais, fios de natureza que nos conectam entre si e ao infinito, chamando-nos a dançar com autonomia e plenitude essa grande dança de comunicação e encontro. Nada pode deter esse chamado, a não ser a própria vida em sua força auto-organizadora e auto-transcendente.

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Cada ser vivo é uma semente que vibra e se expande conduzida por uma trajetória instável de bilhões de anos. Não há na cultura algo tão complexo, incerto, neguentrópico e belo. Somos sementes como a própria semente, buscamos vínculo, nutrição e crescimento. Ao jardineiro cabe somente cuidar com amor, protegendo e nutrindo, pois os seus caminhos farão por conta própria, seguindo seus fios de natureza em direção a algum lugar da vida.
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Aos poucos, (é a nossa esperança e a nossa luta), um novo (e antigo) sentimento do humano e da vida poderá prevalecer sobre a cultura do individualismo e do consumismo, se tornando mais presentes nos corações e nas mentes das novas gerações. Este cultivo de sentimentos e de sentidos já começou, embora saibamos da existência de graves obstáculos à sua semeadura e colheita, tais como o antropocentrismo, a ideologia masculina, o individualismo, o autoritarismo, a xenofobia, o fascismo, o fetiche do capital, a exclusão social e o desamor.
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Isso ainda é uma utopia, mas a integração entre as culturas é possível, desde que participemos amorosamente da tecitura de valores pró-vida por meio de uma educação biocêntrica. Este grande sonho já sonhado por muitos que já morreram e por muitos que estão lutando por ele, em todos os lugares do nosso querido Planeta Terra, nossa morada de hoje, um dia poderá ser realidade.

2 comentários:

H E L I O D E A Q U I N O disse...

Sobre os pontos levantados ontem destaco a visão do perspectivismo cultural que o blás apontou, acho que um bom complemento para ser olhado, e acredito cada vez mais que a visão biocêntrica pode ser um bom solo para semearmos nosso Paizinhos. Tanto pelo assunto fundamental que ela aborda, a Vida, como pelas questões e conflitos acerca da figura paterna.

LETICIA disse...

Além do que o Hélio apontou e, na verdade, acredito ser convergente, investigar o nosso desejo na busca de nossas raízes biocêntricas e culturais através do entendimento do movimento paranista. Por que queremos , por que precisamos nos identificar e quais os símbolos culturais hoje traduziriam, de alguma forma, parte de nossa identidade?
Outra busca bacana seria encontrar na literatura dirigida à criança estórias cujo o tema fosse a relação pai e filho.
Acho que a busca da Andressa será proveitosa também neste sentido.